A partir de que idade crianças e adolescentes devem dosar o colesterol?
Níveis alterados dessa lipoproteína levam ao acúmulo lento e progressivo de gordura nas artérias, causando a doença aterosclerótica, principal causa de infarto e AVC.
Segundo a cardiologista pediátrica e ecocardiografista fetal Mirna de Sousa, do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia, o colesterol deve ser dosado em crianças de 2 a 8 anos de idade, cujos pais ou avós tenham algum histórico de risco, como infarto, AVC, doença arterial periférica, hipercolesterolemia (colesterol total acima de 240mg/dl, de difícil controle) ou outros fatores de risco cardiovascular (hipertensão, diabetes, tabagismo passivo e obesidade, por exemplo).
Na faixa etária dos 9 aos 12 anos, o exame deve ser feito em todas as crianças, independentemente do histórico familiar. Já entre 12 e 16 anos, a triagem do colesterol volta a ser de acordo com os casos na família ou surgimento de novo fator de risco. Dos 17 aos 21 anos, recomenda-se que todos façam ao menos uma triagem do colesterol e, se os níveis vierem alterados, o exame deve ser repetido a cada seis meses até voltar ao normal.
Para menores de 2 anos, não há a indicação de triagem. “Na infância, a elevação do colesterol é absolutamente assintomática, mas a lesão das artérias começa muito precocemente. Por isso a importância do diagnóstico ainda no começo, para que os pais possam iniciar as medidas de mudança de estilo de vida, já que é na infância que se estabelecem os hábitos para a vida toda. Não há momento melhor para esse tipo de intervenção”, orienta Sousa.
As medições de lipídios foram definidas como anormais se um ou mais desses resultados fossem identificados: colesterol total (≥ 200 mg/dL); colesterol de lipoproteína de baixa densidade (≥ 130 mg/dL); colesterol de lipoproteína de densidade muito baixa (≥ 31 mg/dL); colesterol de lipoproteína de densidade não alta (≥ 145 mg/dL) e triglicerídeos (≥ 100 mg/dL para crianças de 9 anos ou ≥ 130 mg/dL para pacientes de 10 a 21 anos).
A partir do diagnóstico de alterações do colesterol, a primeira recomendação é não medicar. O ideal é apostar em mudanças no estilo de vida, especialmente na prática de atividades físicas regulares e adaptações na dieta. Além disso, dependendo do caso, pode ser que outras doenças estejam levando à dislipidemia, como diabetes ou problemas renais e, nesses casos, é preciso usar medicamentos específicos.