O USO DA ACETILCISTEÍNA POR FUMANTES E O RISCO DE CÂNCER
A acetilcisteína (N-acetilcisteína, ou NAC) é um composto amplamente utilizado como mucolítico (para ajudar a dissolver o muco) e como antídoto em casos de overdose de paracetamol. A marca mais conhecida é o Fluimucil. Além disso, devido às suas propriedades antioxidantes, tem sido estudada em diversas condições, incluindo doenças pulmonares. No entanto, a relação entre o uso de acetilcisteína em fumantes e o risco de câncer de pulmão é complexa e ainda não totalmente esclarecida.
Alguns estudos sugerem que, em certos contextos, os antioxidantes podem ter efeitos paradoxais, potencialmente promovendo o crescimento de células cancerígenas ao proteger essas células dos danos oxidativos que poderiam inibir sua proliferação. Um estudo publicado na revista Science Translational Medicine em 2014 (Sayin et al.) investigou o efeito de antioxidantes, incluindo a acetilcisteína, em modelos de câncer de pulmão em camundongos. Os resultados sugeriram que os antioxidantes poderiam acelerar a progressão do câncer de pulmão em camundongos expostos a carcinógenos. Esse estudo levantou preocupações sobre o uso de antioxidantes em fumantes, mas é importante notar que os resultados em modelos animais nem sempre se traduzem diretamente para humanos.
Estudos em Humanos:
Até o momento, não há evidências conclusivas em humanos que associem diretamente o uso de acetilcisteína ao aumento do risco de câncer de pulmão em fumantes.
A maioria dos estudos em humanos tem focado no uso de acetilcisteína para condições como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar, sem encontrar uma associação clara com o aumento do risco de câncer.
Recomendações Atuais:
A acetilcisteína continua sendo considerada segura para uso em suas indicações aprovadas, como mucolítico e no tratamento de overdose de paracetamol.
Para fumantes, a principal recomendação para reduzir o risco de câncer de pulmão é parar de fumar, independentemente do uso de antioxidantes.